Fonte: G1
- De
um lado, os que são contra a ocupação irregular do parque; do outro, quem
mora lá há mais de 60 anos e não quer sair
Moradores das associações de moradores do Horto e
do Jardim Botânico protestam na entrada do Jardim BotânicoO Globo / Hudson
Pontes
RIO - Uma briga antiga entre associações de
moradores do Jardim Botânico e do Horto (Amahor) movimentou a manhã deste
domingo. De um lado, cerca de 150 manifestantes da Associação de Moradores e
Amigos do Jardim Botânico (AMA - JB), que defendem a preservação integral do
parque, alegando que ele faz parte do Patrimônio Histórico Nacional. Do outro,
outras 50 pessoas da Associação de Moradores e Amigos do Horto (Amahor), que
vivem há mais de 60 anos nas áreas tombadas do Jardim Botânico e se recusam a
sair. O primeiro grupo marcou uma manifestação para as 10h. O segundo chegou às
8h, para fazer seu próprio protesto. Carregando faixas e cartazes, eles ficaram
em lados diferentes da calçada em frente ao parque e trocaram acusações até o
início da tarde.
Atualmente, são 600 famílias - um total de 1800
moradores, em sua maioria descendentes de empregados antigos do JB- vivendo
irregularmente no Jardim Botânico. Munidos de cartazes e carro de som, os
moradores da área - que não pagam IPTU - pediam a regularização fundiária. A
Polícia Militar acompanhou a manifestação, que não alterou o trânsito.
- A AMA-JB alega que somos invasores. Outra mentira
é dizer que estamos na área do Jardim Botânico. Estamos numa área contígua ao
Jardim Botânico, que pertence à União. Além de não ter legitimidade, a
associação não tem poderes para resolver a situação latifundiária de ninguém.
Querem tirar a gente daqui, mas para onde iríamos? E com certeza aquela área
será entregue à especulação imobiliária. Vamos parar com essa elitização de que
pobre não pode morar em áreas nobres da cidade - atacou Emilia Maria de Souza,
a presidente da Amahor.
Mas, segundo Regina Carquejo, advogada da AMA-JB e
do movimento S.O.S Jardim Botânico, a história não é bem assim:
- Não será entregue à especulação imobiliária de
jeito nenhum. Queremos reflorestar o Jardim Botânico, nosso patrimônio. Somos
contra qualquer tipo de ocupação ilegal dentro da área tombada do Jardim
Botânico. E os entornos também devem ser preservados. Já fomos contra a
construção de residências de luxo na área.
Entre as reclamações da AMA-RJ está a poluição do
Rio dos Macacos que, segundo Regina, virou um esgoto a céu aberto.
- Há moradias ilegais em cima dele. Há muita coisa
errada.