domingo, 18 de março de 2012

Relatório de mudanças do clima avalia impactos na Amazônia

Flávia Moraes

Desmatamento na Amazônia pode provocar diminuição das chuvas e aumento da temperatura, segundo dados do INPE.
O relatório final do projeto “Riscos das Mudanças Climáticas no Brasil” foi lançado esta semana no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O estudo resultou do trabalho colaborativo realizado pelo Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST), do INPE, e o Met Office Hadley Centre (MOHC), do Reino Unido. “O estudo visa fornecer informações relevantes aos políticos e tomadores de decisão locais sobre como o clima pode mudar no Brasil, com foco especial sobre a Amazônia”, afirma Gillian Kay, pesquisador do MOCH.

Os modelos climáticos projetados pelo MOHC e INPE mostram a relação entre grandes aumentos de temperatura do ar e reduções percentuais da precipitação pluviométrica na Amazônia. A temperatura média global subiu, aproximadamente, 0,7 ºC no século passado e esse aquecimento deve continuar em decorrência das contínuas emissões de gases de efeito estufa (GEE). Clique para ampliar.
“Entre os dados principais destacamos a redução da quantidade de chuva na Amazônia e o aumento da temperatura no decorrer deste século, que pode chegar a +4°C”, explica Lincoln Alves, um dos autores do trabalho. Essas mudanças podem afetar a continuação da viabilidade da floresta e, consequentemente, o clima regional. Isso porque a Amazônia desempenha um papel importante no fornecimento de umidade para o continente sul-americano, mesmo que ainda não tenha sido economicamente quantificado.

Outro ponto de alerta do relatório está relacionado à questão do desmatamento. “Esta é, naturalmente, uma ameaça mais imediata para a floresta. Assim, devido à interação entre a floresta e o clima, essa atividade também pode resultar na alteração do clima regional e, possivelmente, além, em escalas de tempo menores”, ressalta Kay. Ao atingir mais de 40% da floresta, o desmatamento pode provocar alteração significativa no ciclo hidrológico regional, produzindo um clima mais quente e seco.

Os resultados partiram da combinação de um modelo climático global desenvolvido no Met Office, com um modelo regional desenvoldido no INPE, capazes de produzir projeções mais detalhadas das alterações climáticas sobre o Brasil. O trabalho deve continuar como parte do programa científico do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT para Mudanças Climáticas) e da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede CLIMA), ambos sediados no INPE.